quarta-feira, 1 de junho de 2011

Baú

"Porque onde estiver o vosso tesouro aí estará também o vosso coração." Mt. 6.21 - Bíblia Sagrada

Hoje pela manhã acordei com o inconfundível barulho das rodinhas de uma mala deslizando sobre o taco de madeira. Sonolento pensei – estaria ele partindo, para sempre? - Levantei num salto e enquanto caminhava até a sala as idéias foram se reorganizando e então me lembrei: ele realmente estava partindo, mas por pouco tempo. O que eu não me dei conta é que a lacuna que se abria entre nós provavelmente consumiria bastante tempo até tapar-se. Um olhar triste de encontro ao outro. Rostos sem expressão numa sala que parecia tão vazia quanto nós. Ele estaria de volta em três dias e tudo ficaria bem outra vez. Num relacionamento você aprende a arte de chatear-se e “deschatear-se”. Como diz uma amiga, ficar triste, puto, zangado sempre geram dois trabalhos: o de ficar e o de “desficar” seja a quem for. Verdade, mas nem sempre tão simples assim. Feridas que não fecham. Feridas que muitas vezes nem abrem. Drama. Ok, assumo minha parcela de culpa nessa cena pungente, mas quem não tem? Estou cansado: corpo, mente... E isso me deixa mal humorado, às vezes, acho. O fato é que cá estou eu e lá está ele, unidos talvez por essas idéias desordenadas. Mas há mais que isso, há muito mais. Só não me lembro exatamente onde está. Como um baú que guarda um tesouro e que está perdido. É acho que colocamos todo o resto num baú pra ficar protegido o que é nosso. Qualquer hora eu tropeço neste tesouro...!

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"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia. E, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." - Fernando Pessoa